Site da Igreja Batista da Liberdade.

Nossa Igreja viveu, no domingo passado, um momento inédito em sua história. Perdeu quem não veio ao culto das 19h! Nosso pastor comenta e reflete sobre a grandeza deste acontecimento para a Líber.



Aconteceu no domingo, 16 de novembro, nesta Igreja, no culto das 19hs. Membros da Igreja Batista Bandeirante, acompanhados do Pastor Adelniso Ribeiro de Souza, vieram pedir perdão aos atuais membros da Liberdade, por uma falta do passado, não por eles cometida. E a Liberdade jamais havia ouvido falar de qualquer coisa a respeito do ocorrido.



Mas, vamos aos fatos. O pastor Souza, ex-aluno meu de Eclesiologia da FTBESP, procurou-me, solicitando oportunidade para que sua Igreja pudesse pedir perdão à Liberdade, pelas discórdias que motivaram a saída de um grupo daqui para fundar o que viria ser mais tarde aquela igreja. Para inteirar-me melhor do que se passava, fui aos nossos Livros de Atas e lá estava registrado, historicamente, os fatos, os motivos e o tratamento dado à questão. Tudo aconteceu numa assembléia de nossa igreja, nos idos de 1940, em reação ao parecer de uma comissão, acatada pelo voto da maioria, desaconselhando os crentes a freqüentarem cinema aos domingos. Alguns irmãos, de uma determinada família, revoltaram-se contra o parecer e, de maneira deselegante para com o então pastor Erodice Fontes de Queiroz, passou a reunir-se separadamente.



Dois anos depois, em 1942, auto-organizaram-se com o nome de Igreja Batista Bandeirante. Em rebeldia, mesmo aconselhada diversas vezes por líderes da CBESP, aquela igreja nunca aceitou voltar e resolver essas pendências com a Igreja da Liberdade. Foi então que, 66 anos depois, a Igreja Batista Bandeirante reconheceu a falta grave que lhe dera origem. Seu ministério, desconfortado por um passado não recomendável e ainda em aberto, não poderia ser jamais abençoado por Deus, se não tivesse vivido a grandeza da reconciliação, que se deu no domingo passado, com a igreja que eles abandonaram.



Em um lindo, comovente e inesquecível gesto, cerca de trinta irmãos vieram ao nosso culto, à busca da remissão daquela falta através de uma missiva que foi lida, na oportunidade, por seu pastor Adelniso de Souza. De pronto, a Igreja da Liberdade, numa demonstração do mais puro cristianismo, acolheu de pé, em lágrimas, aplaudindo aquela solicitação de perdão que visava corrigir um erro cometido, mesmo que por outros, mas que tantos males gerou à pequena comunidade nesses 66 anos.



Moral da história: mais importante do que o mérito da questão de ir ou não ao cinema aos domingos é a lição de como se deve proceder diante das decisões numa assembléia feita de pessoas que, conquanto finitas, desejam acertar. Isto é: com o devido comedimento nas palavras e nas ações, buscando a sabedoria em Deus, sabendo voltar, como o filho pródigo, reconhecendo o erro, se for o caso, pedindo humildemente perdão e dispondo-se, inclusive, à reparações.



A Igreja e a Bíblia são coisas sérias! A cruz é o preço do perdão! Igreja não é "negócio" que possa ser levado, como se fosse possível calar a voz da consciência cristã ou subestimar as exigências éticas e morais de Jesus, quando ensina: "quando te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa diante do altar tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e depois vem apresentar a tua oferta". Com Deus não se brinca: Quem diz que está de bem com Deus e odeia seu irmão é mentiroso.



A Igreja Bandeirante consertou a sua história, em humilde pedido de perdão, ainda que pelos erros daqueles do passado, mesmo não havendo hoje sequer um deles dentre seus membros cooperantes. E a Igreja da Liberdade, emocionada, perdoou de pronto. Certamente que, no céu, esse momento foi registrado nas Atas eternas. Como escreve Arthur Pinero: "Perdão tardio é melhor do que ausência de perdão".