É comum ouvirmos: "Eu me dou bem com todo mundo". Será que isso significa ser amigo de todo mundo? Não! Denota tão somente um nível comum de relações, nas quais há cordialidade, mas não saudável intimidade, suficiente confiança e necessária doação.
Amigo terá de ser aquele com quem temos comunhão de gosto, identificação de visão de mundo, afinidade. Quem não precisa de alguém assim, que guarde segredos, que esteja disponível quando dele necessitamos, e que ajude desinteressadamente?
Subjaz a essa idéia o sentido de doação, porque o amigo escuta, é fiel, verdadeiro, importa-se com o outro. Amigo é uma pessoa real, coloca-se tão próximo que é visto e reconhecido como "mais chegado que um irmão".
Amigo é poder dizer: "Estou aqui, conte comigo". Mas, ao mesmo tempo mantém-se independente, permitindo que o outro siga o seu caminho, porque o amor verdadeiro inclui liberdade.
Amigo verdadeiro envolve-se, preocupa-se, conforta nas horas difíceis, e até confronta quando necessário. O eixo é amigo-entrega-suporte-cuidado, em contraposição à individualismo-egocentrismo-interesse próprio. Quem ama não busca seus próprios interesses.
A amizade entre Davi e Jônatas é referência na Bíblia, depois de Jesus Cristo, que confessou amar seus amigos até o fim, com seu incomparável amor sacrificial. Eles eram amigos no sentido mais profundo de lealdade. A sociedade secular de hoje, produto da geração que rompeu com os papéis mais tradicionais do gênero humano definidos pelo Criador, faz uma leitura muito ligada à sua cosmovisão corrompida, vendo na amizade daqueles heróis uma relação homossexual, até como algo perfeitamente normal. Se assim fosse, o autor dos registros históricos desta amizade teria omitido estes dados, por serem estes, indignos ao homem que era segundo o coração de Deus – Davi –, ou, o teria mencionado como se fosse um grande erro, mesmo porque esse tipo de relação era totalmente ilegal: "Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles" (Lv 20.13).
Davi e Jônatas desenvolveram uma amizade digna de admiração, de profundo, sincero e duradouro relacionamento. Viajo no pensamento e vejo-os chamando um ao outro: Davisão! Jonatão! Amigão! Sei que é só imaginação, mas o sufixo "ão", afetivo, é uma forma dos amigos demonstrarem seus sentimentos entre si, mormente nesta sociedade ocidental apressada em logo rotular, precipidamente, o legítimo apreço homem/homem.
Nós temos sim um amigo inigualável, o melhor de todos! Um amigo sempre pronto a nos ajudar, a nos estender sua mão: o amigão JESUS!
Esse amigão doou-se, entregou-se, suportou a morte na cruz por nós. Amigão, porque nos amou antes mesmo que o amássemos. Ninguém tem amor maior do que o Seu, de dar a sua vida para que tivéssemos vida, e vida em abundância!
Que amigão esse Jesus!