Mão Amiga
Um profundo conhecedor do texto do Velho Testamento, pergunta a Jesus: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna?". Pergunta arquitetada. Os filósofos sempre procuraram desvendar essa questão. Nunca conseguiram. Jesus não cai nessa armadilha, e responde a pergunta com outras, e com a mesma tática do farizeu, confronta-o: "Que está escrito na lei? Como lês tu?". O doutor da lei responde com os supremos mandamentos, mas, querendo justificar-se, solta mais uma pergunta: "Quem é o meu próximo?" Jesus "arrebenta" (como dizem os adolescentes), propondo a parábola do Bom Samaritano.
Lendo-a, é como se assistisse um filme sobre uma cidade comum a todos nós, São Paulo: Um homem assaltado, ferido, no chão, dores horríveis, com medo de morrer, sem socorro. De repente ele vê, ainda ao longe, crentes, de Biblia na mão, voltando de um culto maravilhoso. Infeliz e solitário, os enfermos sempre entendem os evangélicos como "uma esperança" de uma mão amiga. Pensam: estes que estão vindo aí devem ter ouvido hoje a pregação do pastor sobre a Parábola do Bom Samaritano e do amor ao próximo. Graças a Deus! eles me socorrerão e se colocarão como "meu próximo" e me estenderão a mão amiga.
No caso da Parábola, passa o sacerdote, vê o homem deitado no chão, precisando de misericórdia, e pensa: coitado... ainda bem que não foi comigo! E dá graças a Deus pela saúde e, enchendo a mente de "bons" pensamentos que o livrem de culpa, nega-lhe a mão amiga. Não quis ser o próximo do enfermo infeliz.
Lá vem um levita, que também acabou de sair do mesmo culto no qual cantou: "...olhar com simpatia... e todos ajudá-lo com branda compaixão". Vê o doente, toma um susto, e muda até de calçada.
Agora é a vez de um "samaritano", que não esteve na EBD, nem no culto. Passando por alí, sensibiliza-se, oferece mão amiga, faz os curativos nas feridas, manda para um hospital e ainda preocupa-se com o futuro do paciente.
Uma das lições que Jesus ensina aqui é esta: nos identificando com o sacerdote e o levita, devemos abrir nossos olhos! E, mãos à obra porque os enfermos nos ensinam também que é Jesus o Bom Samaritano de todos nós, que decidiu ser o "nosso próximo". Quando damos a mão amiga a alguém, "Cristo nos estende a sua forte mão!" Conclui a parábola: "Faze isto e viverás"
Assistência Espiritual aos Detentos
Lembra-te de Mim
Inicio mencionando uma passagem de "A Vida no Cárcere", de Oswaldo Barroso: "A vida no cárcere é limitada, cela pequena, corredor bem estreito e escuro. Apenas no sábado tenho visitas. Delas saio exausto, como quem luta para viver uma semana, em poucas horas".
Um grave esquecimento social é o dos presos, amontoados como animais, lixo, em cubículos abafados, superlotados . O Evangelho é inclusivo: Jesus morreu por todos os homens, sem exceção. Ainda dependurado naquela cruz, salvou um dos ladrões que da prisão saíra para o cumprimento da sua sentença de morte. Arrependido de seus pecados, ouviu do Mestre: "hoje estarás comigo no Paraiso". Àquele ex-detento foi prometido estar com Jesus nos jardins dos céus: a palavra "paraíso", termo persa, significa "jardins murados".
Jesus ensinou que, independentemente da infração que o homem haja cometido, nunca é tarde para voltar-se para Ele. Enquanto há vida, há esperança de recuperação. Até o último minuto. De um autor que desconheço é a frase a respeito de um trabalhador que caía do alto de um edifício: "Homem, entre a sacada e o solo, pede misericórdia a Deus e a alcançarás".
Membros da Família Liberdade, creiam e se esforcem na reabilitação do encarcerado. Os presos não podem ser esquecidos, tratados como escórias. Jesus não deixou dúvidas sobre isto, quando disse: "Estive preso e visitaste-me". Os detentos estão pedindo, como Dimas: "Lembra-te de mim". Se Jesus atentou para a súplica dele, teríamos coragem de não fazer o mesmo?
O Ministério de Assistência Espiritual aos Detentos representará o exercício de cidadania dos membros da Líber, fiscalizando e intercedendo junto às autoridades por um sistema penal em conformidade com as normas mínimas estabelecidas pela ONU.
Tratemos de suas feridas, da alma e do espírito, escrevendo-lhes cartas, respondendo as suas porque, "se o Filho os libertar, verdadeiramente serão livres".