Ao celebrarmos com o Pr. Eli Fernandes de Oliveira, nosso amigo, seu jubileu de coral ministerial, quando lá no Recife, em 23 de novembro de 1978, a pedido da Igreja Batista Imperial, ele foi consagrado ao ministério da Palavra, desejo relembrar a bênção de ser pastor, recordando mensagem que preguei para os pastores batistas fluminenses faz alguns anos.
Ser Pastor é uma bênção. E o Pr. Eli sabe disso.
De certo, ser pastor é uma infelicidade, uma empreitada penosa e difícil, uma caminhada de desencantos, para quem não for realmente vocacionado pelo Senhor. Chamado, entretanto, o homem de Deus sente o privilégio de a Ele dedicar o melhor de sua vida, de ao Seu povo servir, de aos homens comunicar a palavra de salvação, não obstante as dificuldades e aflições que lhe sobrevêm.
Mas, que é ser pastor? Qual é o quid proprium, a natureza mesma do ser pastor?
Responde o Apóstolo das Gentes: que “os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1Co 4.1), e que a obra do episcopado é excelente (1Tm 3.1).
SER PASTOR é estar inserido no plano de Deus para a redenção da humanidade. Deus não tem outro plano.
SER PASTOR é ser auxiliar de Cristo, a “remar” no barco de Seu Reino, sob Suas ordens; não é ser dono da igreja, nem definidor de seu destino. É, sim, estar com Cristo, para assisti-lo. E é ser mordomo, administrador responsável dos mistérios de Deus, Evangelho que por séculos esteve oculto dos homens e que se manifestou em Cristo.
SER PASTOR é ser arauto, que solene, grave e dignamente anuncia os decretos do Rei; é ser profeta, a falar da parte do Senhor; é ser sacerdote - por que não? - a abraçar as aflições e as dores da humanidade e levá-las à presença do Sumo Sacerdote, Jesus Cristo.
SER PASTOR é ser mestre, a retirar das despensas de Deus a palavra que instrui, informa, transforma e orienta para o tempo e a eternidade.
SER PASTOR é ser conselheiro pronto a ouvir, compreender e ajudar; e amigo que tem a palavra oportuna e veraz, a mediar o bálsamo divino para corações feridos.
SER PASTOR é ser líder do povo de Deus, que aparece menos pela autoridade que reivindica, pelo domínio que pretenda exercer, e mais, muito mais, pelo caráter, integridade e exemplo. (1Pe 5.2,3).
SER PASTOR não é ser o “faz-tudo”, o “manda-chuvas”, o “super-astro” a brilhar na ribalta de uma tribuna sagrada que pode transformar-se em passarela de exibicionismo e vaidade. Não. É ser “preparador”, “treinador”, “capacitador”, “habilitador” do povo de Deus, para que este sirva, edifique a igreja, promova o Reino de Deus no mundo, cresça enquanto serve, sirva enquanto amadurece, e tem por padrão a excelência da estatura do varão perfeito - Jesus Cristo.
SER PASTOR não é ser super-homem ou semideus. É ser homem, comum, normal, mas sobrenaturalmente habilitado para servir ao povo de Deus. É ser homem de verdade e da verdade. É ter os pés no chão do sofrimento, das necessidades e desafios humanos, e a cabeça no céu das provisões divinas para um mundo carente.
Mais poderia ser dito.
Louvamos a Deus porque o nosso homenageado compreende e vive essas verdades preciosas sobre o múnus pastoral.
Pr. Eli, Deus o abençoe e lhe prolongue os dias de vida e de serviço ao Senhor e a Seu povo! Amém.