Já foi o tempo em que a conversão de muitos se dava mais pela vida modelar dos crentes do que através das pregações dos púlpitos. Infelizmente, multiplicam-se vidas vazias, desfocadas do Caminho. Carecemos de personalidades aprovadas pelo Senhor, como foram Daniel, Jó, Neemias, Isaías, Paulo, João Batista. A realização de Paulo consistia em Jesus: “para mim, viver é Cristo; morrer é lucro”. Todavia, me aterei ao testemunho de Estevão constante dos capítulos 6 e 7 de Atos, registro de uma vida cuja realização estava em Deus. Ali aprendemos o quanto sua vida era cheia do Espírito Santo, de sabedoria, de fé, de graça e de poder.
Em que consistia a realização desse homem, primeiro mártir do cristianismo? Estevão, muito possivelmente iletrado, era cheio do Espírito. Seu coração estava nos valores dos céus. De que estamos cheio? “Onde estiver o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração”. Estamos cheios de luxúria, avareza, soberba, vaidade? Foi na simplicidade e na unção do Espírito que os apóstolos puseram “o mundo de cabeça para baixo”. Cheios de que estamos? Da mera busca de reconhecimento humano? Do desejo de ser servidos? Ou transbordamos de prazer em cumprir o querer de Deus?
Estevão, um homem sábio. Onde estão os homens sábios? Não pergunto acerca dos homens cheios de conhecimento. Conhecimento é uma coisa, sabedoria é outra. É olhar a vida na perspectiva de Deus; é agir, reagir e interagir nas variadas situações cotidianas com firmeza, mas, com graça. É enxergar a vida pela ótica do saber humano, contudo, interpretando-a do ponto de vista de Deus.
Estevão, um homem de fé. A fé que esse homem albergou em seu coração é digna de ser considerada com mais atenção. Cheio de fé, viveu sem medo de ameaças. Morreu assim também, como a dizer: não ando pelo que vejo, mas, pela fé em quem creio. Daí ter preferido o martírio à infidelidade. A graça de Deus estava, abundantemente, sobre Estevão. Houve quem não o visse assim? Certamente! A doçura da vida de Estevão, cuidadora dos necessitados, irrepreensível, não foi propositalmente vista por alguns - dentre os quais, o então perseguidor dos cristãos, Saulo de Tarso -, que optaram por fechar os olhos e os ouvidos à verdade insofismável de Jesus. Por ter vivido na graça e no poder de Deus, ele angariou para si a inimizade e a fúria dos líderes religiosos de então, que, para tirar-lhe a vida, até testemunhas falsas forjaram, apedrejando-o.
E, como se não bastassem essas marcas do cristão Estevão, homem como qualquer um de nós, mas, cuja realização residia no Senhor, também vamos constatar que, a exemplo de Jesus na cruz, no suplício cruel que representa o apedrejamento, perdoa seus algozes (Atos 7.60).
Espero que neste mês de novembro, quando tudo em nossa igreja apontará para a realização do cristão, aprendamos que ela reside na obediência à Vontade de Deus, que se revela nos predicados espirituais do nosso viver. E que longe de nós passe tudo o que nos impeça de uma vida cheia do Espírito, de sabedoria, de fé, de graça e poder. Amém!