O homem sempre desejou ser autêntico, embora isso lhe seja muitas vezes custoso pelo receio que tem de assumir o que ele é e aquilo que crê.
De um lado, porque sofre pressão da sociedade que dá o ultimato do padrão para o ajustamento social. De outro lado, pela coação dos preconceitos que exigem dele adaptação às circunstâncias. Por vezes, em função de influências de familiares e amigos, o homem abre mão de convicções as mais lídimas.
É cômodo, por não ter podido mostrar o valor próprio, lançar a dupla dos fracassos no cônjuge, nos pais, no chefe, nos amigos. Mas a frustração interior fica. Se jovem, pode ainda nutrir esperanças nos sonhos e realizações futuras. Se de idade madura, o melhor é reconhecer que os anos passaram e que ele se enganou a si mesmo. Em qualquer caso, há notório desapontamento consigo mesmo e com “os limites da condição humana”
Quem, porventura, poderá dizer que nunca se decepcionou consigo próprio? Os corações conhecem os problemas, mas se isso não implicar em compromissos pessoais com soluções, é ver-se destinado a amargar amanhã, o duro reconhecimento da falta de conseqüências práticas.
Um balanço razoável da experiência da vida, após os anos, poderá até trazer motivos de satisfação pessoal, ou por um bom desempenho profissional, ou pelo tempo dedicado à família. Todavia, haverá sentimento de culpa no recôndito da alma, se forem deixadas sem elaboração as aspirações mais caras. Resultado disso será a decepção consigo e com a trajetória da vida, até a fuga, para não se ter de encarar as acusações da consciência.
O homem deste tempo foge, infantil e regressivamente, com medo da vida, das responsabilidades. A psicologia moderna, segundo P. Tournier, “quer ver o homem progredindo”. Freud já sonhava com o “tornar-se adulto”. Jung, igualmente desejava o homem adulto, quando insinuou o “assumir tudo o que existe em si mesmo”, na sua famosa proposta de “integração”. Jesus Cristo ultrapassou essas considerações, quando enfatizou a imprescindibilidade do “novo nascimento”, no diálogo com Nicodemus, narrado no evangelho de João. A ética e a moral cristãs são o caminho para a nova vida de integridade do homem para consigo mesmo e para com as oportunidades concretas de sua existência.
Mas o homem deste tempo foge e, com medo do que a Bíblia possa ensinar, a restringe a simples elemento decorativo de dorso dourado, nos refinados ambientes dos lares, sem ao menos lê-las. Os que assim procedem velam também a culpa de conscientemente dar as costas a Deus.
No entanto, a mais importante verdade a ser assimilada no projeto de assumir-se adultamente é a que Cristo realizou na cruz: deu-se a si mesmo pelos homens, aceitando-os como são, perdoando-os com seu grande amor. Seus ensinos fazem-se indispensáveis ao processo de amadurecimento pessoal e integral, onde o homem encontra uma saudável concepção de vida, de valores, de felicidade e de verdadeira realização.