O conhecido teólogo, psicanalista e filósofo da educação, Rubem Alves, meu ex-professor na Faculdade de Educação da Unicamp, em um de seus livros, “Conversa com quem gosta de ensinar”, faz diferença entre o educador e o professor. Para ele, “Professores são como eucaliptos, plantados por um motivo, enfileirados, descartáveis e com uma finalidade meramente comercial, econômica; trata-se de funcionários de uma instituição submetidos ao ritmo do sistema e ao tempo das máquinas. Educadores, por outro lado, são como jequitibás, belos e raros; definidos pelas suas paixões, sonhos e esperanças. O mundo mudou: jequitibás foram ao chão e em seu lugar foram plantados eucaliptos. Educadores deixaram de existir, em seu lugar, professores”.
Diz, ainda, esse filósofo da educação, que em cada professor há um educador que precisa ser despertado. Visivelmente apoiado num referencial teológico, ele afirma que é necessário que o professor passe por uma regeneração de seu discurso, porque, sendo uma pessoa da palavra, é necessário utilizar corretamente esse poder que faz as coisas acontecerem na vida dos alunos. Diz ele com relação à formação do educador: “Antes de mais nada: é necessário reaprender a falar. Com que instrumentos trabalha o educador? Com a palavra. O educador fala. São as palavras que orientam as mãos e os olhos”. Os olhos são metáforas do conhecimento e as mãos, do trabalho, da realização, do acontecer das coisas. Os educadores jamais deverão perder de vista o poder que as palavras têm, ao transmitirem a seus alunos o conhecimento, e empregá-las de modo que os conceitos sejam assimilados por eles, a possibilitar-lhes interpretar o viver e o fazer à luz do que aprenderam.
É impressionante trabalharmos esses conceitos à luz da Palavra de Deus. Através dela, Deus fez as coisas acontecerem e utilizou dessas mesmas coisas para criar o ser humano, mas não deixou de dizer-lhe as palavras que orientariam o seu olhar e o seu caminhar, o seu viver e o seu fazer, as suas realizações. Ao soprar em nossas narinas o fôlego de vida, Ele insuflou o poder de sermos semelhantes a Ele, tendo como essência a fala e a palavra. Somos, pois, originados da palavra e nela e através dela registramos nossa vida. Quando olhamos a missão do educador a partir desses conceitos, que mundo grandioso se lhe abre diante de si ao encaminhar seus alunos para a vida pessoal, relacional e profissional, levando-os a experimentar pessoalmente o seu projeto, o que desejam ser e fazer! Existe ofício mais nobre do que este, o do educador?
Ora, se o ofício do educador é extraordinário, sendo, pois, o mais nobre, o que dizer do educador cristão, que, além da capacidade de falar, dom de Deus para sermos humanos, é portador e transmissor da Palavra de Deus e, através dela, cria os mundos da nova vida com Cristo, através da formação que dá aos crentes, nascidos da Palavra, a fim de que sejam semelhantes a Jesus? Portanto, o educador cristão é agente das mudanças mais radicais que um ser humano pode experimentar.
Parabenizo os educadores de nossa Igreja pelo Dia dos Professores, aqueles que atuam lá fora, nas escolas públicas e nas particulares. Parabenizo os educadores que atuam nos ministérios de nossa Igreja, na nobilíssima missão de fazer com que os convertidos se tornem, através da palavra e da Palavra, cada dia mais semelhantes a Jesus. Encarnando o desejo de meu velho mestre, eu lhes digo: sejam jequitibás! E do meu Mestre, digo-lhes com mais força ainda: entreguem a seus alunos o que Jesus lhes entregou, a fim de que sejam semelhantes a Ele. Não desistam jamais de seus alunos, não “joguem a toalha” enquanto não virem Cristo formado na vida deles, enquanto a vida deles não refletir a vida de Cristo. Deus nos abençoe!