Tem me agradado muito a temática das Quatro Estações. Ela proporciona a priorização das pessoas na vida da igreja, o que é parte do cumprimento de nossa Missão. Somos agentes espirituais e sociais da palavra de libertação aos imersos na solidão, na superficialidade, na auto-estima baixa que conduz à depressão. Colocando-nos no lugar delas, vamos compreendê-las melhor e ser-lhes mais solidários.
Buscar e assistir pessoas que estão sob o inverno interior prolongado de suas vidas é dever de todos. Quem tem amigos e irmãos mergulhados em tristeza, desilusões, deve sentir-se servo honrado em poder ajudá-los a levar suas pesadas cargas, e tratar-lhes as enfermidades emocionais do “não resolvido” ou do “mal resolvido”.
As estações na alma vêm e vão. Todos nós vivenciamos as diferentes sensações – os tempos de alegria e de dor, de plantar e de colher. Mas, tudo tem de ser visto de forma integral, assim como o Evangelho é proposta integral ao homem integral.
Se não é possível dissociar corpo e alma, da mesma forma não podemos pensar num Evangelho que na prática não contemple “pessoas”, respeitando a realidade das diferentes dimensões da existência humana.
Somos chamados para cuidar de pessoas, sem que as julguemos jamais, sequer por um isolado aspecto de seu todo desconhecido. Ensinemos ao aflito que a vida é assim mesmo: há estações de “aflições”, mas há também estações de “vitória”, para as quais se deve recobrar o bom ânimo.
Chorões como Jeremias, por amor às pessoas, gemamos pelo seu soerguimento moral, social e espiritual. Apoiemo-las, cheios de esperança e fé, na cura das enfermidades da alma, levando-lhes a palavra da graça e do amor do “Sol da Justiça“ para seu restabelecimento. Além do mais, não negligenciemos o fato que é provado cientificamente: mais de 80% dos casos de problemas orgânicos são de origem emocional, ou seja, somatizados. Deles resultam muitos estragos, dentre os quais os medos, os sentimentos de rejeição, de culpa, de ódio, etc. Por isso, oremos e busquemos quem necessita alimentar-se do sentimento de “pertencer”, ao qual John Stott se refere com a expressão “busca de comunidade”. O auto-afastamento do convívio social mais corrobora para o desenvolvimento do sentimento de exclusão, aumentando as mágoas.
Deus nos chama a reconhecer as estações da alma humana desestabilizada em seu interior, sob pressão de seus dramas existenciais, pelas quais pessoas que amamos estejam passando. Cada um de nós saia à procura delas, ajudando-as a se levantarem e a olhar para Jesus sem mais ceticismo; olhar para si mesmas, (como escreve o Dr Merval Rosa, “com reais ganhos no seu quadro de referência interna”); e para os outros, como anjos enviados do Senhor para um amanhecer da esperança.