Sempre há alguém comparando a vida a uma viagem de trem, onde uns vão sentados de frente e outros sentados de costas. É próprio dos mais velhos ocupar-se do passado, relembrar seus dias de juventude. É próprio dos jovens olhar para a frente, planejar o futuro, imaginar que profissionais virão a ser, com quem se casarão, o que conseguirão adquirir de bens materiais, etc. Também temos jovens com espírito de ancião e anciãos de espírito jovem. Este último tipo é o que vemos em Filipenses 3.4-21, um ancião, Paulo, com espírito jovem. Diz ele no versículo 13: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e olhando as que adiante de nós se apresentam, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus que está em Cristo Jesus” (v. 13).
Prisioneiro, Paulo vivia cada dia como ensina Jesus: “Basta a cada dia o seu mal”. Atrás das grades, preso injustamente, quando a luz do amanhecer entrava pelas brechas de sua cela, anunciando um novo dia, podemos imaginar Paulo perguntando a si mesmo: Que quer o Senhor de mim, hoje? O que mais o Senhor se propõe a ensinar-me? Que oportunidade esse dia me dará para que O glorifique, mesmo preso? São questões propícias para nós, hoje, quando damos adeus ao ano velho e saudamos o ano de 2012, que se inicia.
Paulo tinha, convictamente, tanta preocupação em aproveitar bem o presente, o “dia que o Senhor fez”, ainda que sob as circunstâncias mais adversas, que não dispunha de tempo para as melancolias passadas. Olhava para o passado para obter lições a serem aprendidas e novas posturas a serem postas em prática. Gosto de citar Wesley, um grande homem de Deus. Na Bíblia que ele usava para pregar às multidões, ao ar livre, impressa em 1655, na primeira página, estava escrito, de seu próprio punho: “viver o dia”. Esse grande servo de Deus, imitador de Jesus e do apóstolo Paulo, vivia um dia de cada vez, decidido a realizar seu dever. Samuel Villa, escrevendo a respeito de John Wesley e comentando Fl. 3.13, diz: “Wesley, assim como Jesus e como Paulo, não perdia tempo lamentando as oportunidades perdidas do passado, nem ficava esperando para realizar melhores coisas para Deus, no futuro”. O apóstolo Paulo havia se proposto duas coisas: ESQUECER O QUE PARA TRÁS FICAVA e PROSSEGUIR PARA AS QUE ESTAVAM ADIANTE. De que coisas Paulo gostaria de se esquecer? Sua posição (v. 5), sua parentela, seus prejuízos (v. 6), seu caráter, antes da conversão. Como ele, corramos também, até receber a coroa que igualmente nos foi prometida; encarar o dia a dia, o ano após ano dessa gloriosa viagem, sem retorno. O que ficou para trás, valioso para o mundo, consideremos como esterco, para alcançar o que agora nos é muito mais precioso. Não como seres que vivem apenas para os tesouros terrenos, mas, “esquecendo-me das coisas que para trás ficam” fiquemos inspirados a uma nova vida com o Senhor, ante um mundo tão vão que nos rodeia.
Paulo também desejava outra coisa, além de esquecer-se das que para trás ficam: CAMINHAR PARA AS COISAS QUE ESTAVAM ADIANTE. Caminhar até Cristo, por uma fé viva (vrs 9 e 10), até o trabalho; até a perfeição (vr 12); até um porvir melhor; até o prêmio final (vr. 14). Deus tem um grande propósito para cada vida, que podemos alcançar. (vr 12).
2012 é uma nova faixa de nossa vidas, dentro do propósito geral de Deus! Ou O frustraremos? Vivamos atentos, “trabalhando enquanto é dia”, de frente para as oportunidades, para que não sejamos apanhados desprevenidos. Unidos ao Senhor, Eterno Deus, veremos passar, sem lamentos, o tempo que nos vai aproximando daquele Dia do prêmio da soberana vocação de Deus, em Cristo Jesus. Amém!