A vida a dois, no casamento, revela muito da genialidade divina em nós. Somos seres singulares. Cada uma de nossas características é marcante, compondo esse ser único, exclusivo, completo: o ser humano.
Nesse sentido, a felicidade da vida a dois não pode ser entendida como “duas metades que finalmente se encontram”, mas, dois inteiros que podem se completar. Nada há que Deus tenha feito pela metade. E porque somos inteiros, completos, o segredo da vida a dois está em aceitar e conviver com as características do outro, diferentes daquelas encontradas em nós mesmos. Foi Deus quem nos fez assim! Se, no casamento, tento anular o outro ou igualá-lo a mim, perco o privilégio de cumprir o meu papel para que "ambos sejam uma só carne". Quando firo meu cônjuge, atiro pedra em mim mesmo, pois nos propusemos a ser um.
O reconhecimento amadurecido, na caminhada a dois, de que somos completamente diferentes um do outro, constitui-se num passo decisivo à felicidade recíproca, além de valorizar o fato de sermos, um com o outro, "uma só carne", o que só é possível quando existe amor. Só o amor faz com que baixemos a guarda, vençamos nossas resistências, deixemos as intolerâncias, o radicalismo, na direção do equilíbrio e da harmonia na vida conjugal. Como? O coração que ama busca em Deus esse padrão. A unidade do casal está na capacidade de valorizar a riqueza dos contrastes, e não na inaceitação destrutiva das diferenças. Jesus disse que uma casa dividida não subsiste. Assim devemos nos comportar, porque somos diferentes e não divergentes.
Portanto, estou cada dia mais convicto de que a vida a dois é uma arte. É como pintar uma tela com dois pincéis. É ter dois ângulos de visão convergentes. É abrir mão das intransigências naturais para viver a renúncia pelo outro, a rendição a favor do outro. Amor que é amor não possui, libera; não encarcera, expande; não abandona, aquece; não domina, liberta. Casamento não é luta por poder, não é quebra-de-braço para se ter um vencedor. Antes, sem que haja invasão, um tem a chave do coração do outro, um aprende com o outro, um se aperfeiçoa no outro. A pintura só se completa com esses dois pincéis.
Esse é o plano de Deus para o casal: dois seres diferentes e inteiros que se encontram em amor, com todas as condições de ser felizes, semeando respeito, superando as diferenças, promovendo a paz, fazendo do lar um pedacinho do céu.
Façamos deste Mês da Família uma oportunidade para dizer: Muito obrigado, Senhor, por ter-nos feito diferentes e ainda assim capazes de conciliarmos as diferenças e nos relacionar em plenitude de estima e alegria. Amém!