Na segunda metade do séc. XX, e mais propriamente a partir dos anos 70, o Brasil deixou de ser um país rural para ser uma nação urbana. Muitas das transformações profundas no mundo moderno, rápido, globalizado, sacudiram e abalaram profundamente nossa sociedade. Por conta disso, minha geração (sou pastor desde 1978) presenciou toda sorte de crise institucional, pedindo, inclusive, novas respostas teológico-eclesiásticas. Pastores e líderes comprometidos com a influência abrangente da igreja em todos os segmentos sociais, assistimos a uma enxurrada de ofertas de métodos, dos razoáveis aos mais absurdos, vindas de fora, com o apelo, tipo: “como salvar sua igreja”. Não há dúvidas de que a relevância da igreja foi duramente questionada nesse tempo de tão radicais mudanças no mundo. Lí Christian Gillis listou algumas dessas mudanças, entre elas as que se seguem: a explosão do movimento feminista, o desmantelamento do comunismo, o desenvolvimento tecnológico, especialmente na informática, que restringiu, pela globalização da comunicação, nosso planeta à categoria de ‘aldeia global’, a sustentabilidade ambiental, item presente em todas as novas agendas, por conta de uma nova ordem de consciência ecológica.
É nesse contexto, ou nesse conjunto de referências, que a igreja, mais do que sobreviver, precisará desempenhar, com sabedoria divina, inteligência, criatividade e discernimento, o papel que lhe foi determinado e se encontra bem delineado no Novo Testamento. Jesus veio para dar vida e salvar as pessoas, a Sua Igreja foi edificada com este mesmo propósito. Ou a Igreja de hoje cumpre defintivamente o seu papel como Corpo Vivo de Cristo, o poder de falar e orientar as gerações de hoje, as novas gerações, salvando-as, restaurando-as, educando-as, ou está fadada ao fracasso. Sobre esse assunto, o pastor Russel Shedd escreveu: “O desafio do século XXI para a igreja certamente será distinguir entre o dispensável e o essencial”. E o essencial, a razão pela qual Jesus instituiu a sua igreja, nós, a Igreja Batista da Liberdade, o enquadramos na sigla P.E.S.C.A. É desta forma que atuamos produzindo o essencial. Se assim entendermos o essencial, tudo o mais será dispensável, mormente as inserções metodológicas, culturais, que foram passadas às gerações sem o devido espírito crítico, como “intocáveis”, “integrantes da verdade”, mas que precisam urgentemente ser questionadas e consideradas como estruturas eclesiásticas estabelecidas para outras situações e épocas!