Segundo Oswald J. Smith, os mandamentos de Cristo não são sem propósitos, nem são arbitrários. Eles têm uma razão de ser, uma finalidade. Não nos cabe discutir uma ordem superior. Se ensinamos nossos filhos que não podemos questionar ordem de superiores, sejam eles os próprios pais, ou professores, ou patrões, ou governos, etc., e sabemos que a autoridade sobre nós constituída é ministério de Deus (Rm. 9.15; Ef. 6.1-2, 5-2), com que direito podemos contestar um mandamento emanado do próprio Senhor da Igreja? Aos seus apóstolos e discípulos Jesus disse: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos" (Mt. 28.19-20).
É verdade que esta ordem foi dada primeiramente aos apóstolos e alguns dos aspectos nela envolvidos dizem respeito mais particularmente a eles. Batizar os primeiros discípulos e ensiná-los "a guardar todas as coisas" que Jesus tinha ordenado era algo que só os apóstolos poderiam fazer, porque só eles receberam essa autoridade e só eles aprenderam de Jesus os ensinamentos, tanto os que lhes tinham sido dados pessoalmente, durante Seu ministério terreno, como os que Ele lhes deu mais tarde, por revelação do Espírito Santo, para que escrevessem as Escrituras do Novo Testamento. Jesus tinha-lhes prometido o Espírito, conforme lemos em 16.12-14: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar".
Os apóstolos estabeleceram a igreja com governo e diáconos e a implantaram em, praticamente, todas as regiões do mundo conhecido. Não só nos campos mencionados em Atos dos Apóstolos e nas epístolas, mas conforme a tradição, em vários outros lugares como a Índia, a Etiópia, etc. A partir dos apóstolos, o trabalho missionário passou a ser função essencial da igreja, parte da sua própria natureza. É interessante que não encontramos os apóstolos dando um outro mandamento, semelhante ao de Cristo, em seus escritos. Encontramos sim, o testemunho de que estavam cumprindo a sua tarefa de "pregar", porque esse foi o mandamento que receberam.
Mas nem por isto a igreja do período apostólico deixou de ser missionária. Em Atos 8.4, lemos que "entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra". Paulo ordenou a Timóteo que ensinasse a homens fieis que pudessem, por sua vez, ensinar a outros: "E o que de mim parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fieis e também idôneos para instruir a outros" (2 Tm 2-2). É assim que a igreja vem aprendendo e transmitindo os ensinamentos de Cristo. Pedro disse que nossa tarefa, como raça eleita e sacerdócio santo, é proclamar as virtudes de Deus: "Vós porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar-lhes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" ( I Pe 2.9). A igreja só pode cumprir sua tarefa de ensinar a outros e proclamar as virtudes daquele que a redimiu se estiver presente entre os homens, em todos os lugares.